Jornalismo - O jornal paulista no seu editorial do dia 31 de janeiro (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz3101200901.htm) não deixa dúvida sobre o seu posicionamento sobre a estrutura social: um conservadorismo que foge a realidade de uma sociedade que passou muitos anos convivendo com as diferenças sociais gritantes, com exclusão e corrupção em várias esferas institucionais. O Brasil, deve pensar o seu lugar neste sistema global e se organizar no sentido de se defender de um sistema bancário que levou a bancarrota países muito mais estruturados, como os Estados Unidos e nações européias.
Não dá para afirmar que as reuniões de Davos e de Belém do Pará são exatamente pessimistas, mas realmente chegou a hora das lideranças sociais pensarem em alternativa para o modelo vigente que realmente chegou no seu limite. A continuação deste sistema em pleno século XXI, com o avanço das novas tecnologias da informação e redução das distancias entre pessoas nesta aldeia global seria a aceitação da ignorância. A rigor, as mudanças estruturais são inevitáveis, e transformações de discurso devem também perpassar os veículos de comunicação que há muito insistem na sociedade do espetáculo, como se vê na televisão e se estende para os demais meios como as revistas e jornais.
O debate, portanto, não é somente necessário, mas deve apresentar resultados em ações, no sentido de promover alterações nos governos e mercado que vêem pela frente somente recursos econômicos, sem se importar com a realidade de milhões de pessoas no mundo. Preciso lembrar que a fome continua uma realidade, a falta de educação ainda assola homens e mulheres. Uma economia centralizada possivelmente não será possível, considerando as crises que surgiram e levam a todos, mesmo aqueles que vivem em lugares distantes.
À Folha de S. Paulo, cabe ressaltar, deveria ser menos conservadora e valorizar os interesses de seus leitores, seres que vivem em meio ao imbróglio do mercado especulativo, sem alma e coração.
Estados Unidos e a raça negra
Internacional - Os negros em estão em alta nos Estados Unidos, pois desta vez o Partido Republicano de George W. Bush elegeu como presidente do partido Michael Steele. Ele será responsável, de fato, por amenizar a força dos democratas que tem Barack Obama como figura ilustre.
A grande questão a saber é exatamente se esta estratégia de valorizar notoriamente o negro serve aos propósitos de liberdades raciais no país americano, ou por trás disto está apenas interesses políticos e econômicos. A rigor, a participação efetiva da sociedade vem promovendo transformações importantes no cenário político mundial, o que poderá levar a mais reflexos nas instituições conservadoras e excludentes no mundo.
A grande questão a saber é exatamente se esta estratégia de valorizar notoriamente o negro serve aos propósitos de liberdades raciais no país americano, ou por trás disto está apenas interesses políticos e econômicos. A rigor, a participação efetiva da sociedade vem promovendo transformações importantes no cenário político mundial, o que poderá levar a mais reflexos nas instituições conservadoras e excludentes no mundo.
Salário mais que mínimo
Economia - O aumento do salário mínimo que passa a valer R$465,00 a partir de fevereiro sempre gera debates. De um lado o trabalhador que não se conforma com uma diferença de renda tão grande no Brasil, e com razão. Para tanto basta lembrar o faturamento de alguns bancos brasileiros que chega a casa dos 6 bilhões de reais líquidos (lucros) ao ano, algo em torno de meio bilhão ao mês.
Por outro lado, os empresários sempre preocupados com a folha de pagamento que vai onerar o seu caixa. Entretanto, o aumento nem é tão satisfatório assim, cabe lembrar que são apenas R$50,00 a mais, talvez nem dê para ir a uma pizzaria com os amigos. A crise brasileira, sempre lembrada neste momento como argumento, não serve como referência, pois o brasileiro-trabalhador vem pagando a conta da gastança deste país desde a sua descoberta.
Na realidade, a distribuição de renda no Brasil deve ser pensada com seriedade, afinal, não é possível uma nação em que uma minoria, iluminada, tenha milhões, enquanto que o restante, ignorante, padeça na miséria. O salário mínimo, nesta conjuntura, está para lá de mínimo, embora tenha melhorado substancialmente nos últimos anos.
Por outro lado, os empresários sempre preocupados com a folha de pagamento que vai onerar o seu caixa. Entretanto, o aumento nem é tão satisfatório assim, cabe lembrar que são apenas R$50,00 a mais, talvez nem dê para ir a uma pizzaria com os amigos. A crise brasileira, sempre lembrada neste momento como argumento, não serve como referência, pois o brasileiro-trabalhador vem pagando a conta da gastança deste país desde a sua descoberta.
Na realidade, a distribuição de renda no Brasil deve ser pensada com seriedade, afinal, não é possível uma nação em que uma minoria, iluminada, tenha milhões, enquanto que o restante, ignorante, padeça na miséria. O salário mínimo, nesta conjuntura, está para lá de mínimo, embora tenha melhorado substancialmente nos últimos anos.
Eleições no Senado
Política - A discussão em torno da eleição da presidência do Senado sinaliza para a redução de importância do partido, que fica em segundo plano, sendo que as estratégias políticas superam as ideologias partidárias. O governo não quer interferir nesta eleição em razão de entender que o peemedebista José Sarney será uma autoridade que serve aos interesses do governo federal. Com a sua eleição, Luiz Inácio Lula da Silva poderá transitar com mais facilidade no PMDB, com lastros em todo país. Diga se de passagem que Lula se apresenta desvencilhado das indicações petistas em suas decisões políticas.
Tião Viana (PT) - o outro candidato -, por sua vez, carrega o peso partidário dos petistas, sempre reivindicando do governo mudança de posicionamento político e fortalecimento do partido. Portanto, o presidente sofreria mais pressão do PT, o que será diferente com os peemedebistas, que passam a aliado, efetivamente, com Sarney na liderança. Afinal, o PT é governo e deve agir como tal.
A atitude do PSDB de se aliar ao petista Tião Viana vem no sentido de descer do muro, atitude sempre criticada pela sociedade. Entretanto, no fundo, a negociação com a Sarney não serviu aos interesses do partido que vê à sua frente apenas as eleições de 2010, com José Serra como candidato. Lula continua dizendo que Dilma Rousseff será a candidata do governo.
As eleições do ano que vem já começam a se definir a partir da eleição da Câmara e Senado. Todo movimento político serve para marcar território e ganhar terreno numa disputa com muitos lances, em um lugar onde não há santo.
Tião Viana (PT) - o outro candidato -, por sua vez, carrega o peso partidário dos petistas, sempre reivindicando do governo mudança de posicionamento político e fortalecimento do partido. Portanto, o presidente sofreria mais pressão do PT, o que será diferente com os peemedebistas, que passam a aliado, efetivamente, com Sarney na liderança. Afinal, o PT é governo e deve agir como tal.
A atitude do PSDB de se aliar ao petista Tião Viana vem no sentido de descer do muro, atitude sempre criticada pela sociedade. Entretanto, no fundo, a negociação com a Sarney não serviu aos interesses do partido que vê à sua frente apenas as eleições de 2010, com José Serra como candidato. Lula continua dizendo que Dilma Rousseff será a candidata do governo.
As eleições do ano que vem já começam a se definir a partir da eleição da Câmara e Senado. Todo movimento político serve para marcar território e ganhar terreno numa disputa com muitos lances, em um lugar onde não há santo.
RESUMO
Polícia - O fechamento de bares em Goiânia gera uma discussão acirrada que de alguma forma vem sendo feita na imprensa e sociedade. O resultado é que a administração municipal resolveu participar da questão que é, de fato, de sua responsabilidade. Contudo, alguma perguntas ficam no ar: será que o fechamento destes estabelecimentos vai realmente reduzir a criminalidade a médio e longo prazos? As pessoas ditas violentas e "marginais" somente freqüentam determinados tipos de lugares, conforme crê o estado, nas regiões periféricas?
Sem respostas convincentes, o que resta a sensação de poder da política e que nos faz relembrar, inevitavelmente, o tristes tempos da ditadura militar. A responsabilidade da sociedade - leia-se estado - é zelar pelo seu bem-estar, mas não pode discriminar pessoas conforme a região que mora e aparência física. A violência é causada pela própria sociedade que, com o uso da força, sem condições de resolver os seus efeitos, prefere a sua invisibilidade.
***
Contraste - Os jornais estampam esta semana a greve dos sindicatos na França, um país que promoveu uma mudança política ao eleger o conservador Nicolas Sarkozy. Um governo que se aproximou das potências econômicas, no sentido de promover mudanças substanciais na estrutura de uma nação que promoveu por muitos décadas política voltada para os interesses sociais - o que resultou em tempos liberais em perda econômicas.
Esta não é a primeira revolta francesa nos últimos anos. A primeira, que envolvia jovens com idade de iniciar sua vida profissional, quis chamar a atenção para a falta de trabalho e a discriminação contra os imigrantes.
Mas o que chama mais a atenção é o rouba das jóias da ex-mulher de Sarkozy, avaliadas em R$1,5 milhões, retiradas de seu apartamento. Na verdade um constraste entre as duas informações: a greve dos trabalhadores por melhores condições de trabalho em meio a uma crise que atinge milhões de pessoas pelo mundo e a notícia sobre o assalto a ex-primeira dama francesa. De um lado trabalhadores em busca de melhores condições de vida, o tostão, de outro as jóias da ex-Senhora Sarkozy, o milhão.
***
FSM - Esta semana foi marcada pelo Fórum Social Mundial realizado em Belém, reunião que traz discussões sobre a crise mundial que causou desemprego e fechamento de várias instituições financeiras, algumas famosas, sempre em evidência na mídia. Um dos pontos importantes em debate é a participação efetiva do Estado na economia, pois nas últimas décadas, com o ascendente liberalismo, apregou-se que o setor público seria maléfico para os interesses dos mercados, fundamentais para o desenvolvimento social.
A contradição veio exatamento com a crise imobiliária nos Estados Unidos e se espalhou por todo mundo, o que deixou transparente a incapacidade do mercado de se auto-regulamentar. Assim, o Estado passa a ganhar importância no sentido de evitar catastrofes maiores na sociedade. Contudo, o ponto a ser analisado é qual será esta participação estatal? Afinal, nem sempre o Estado esteve do lado simplesmente do bem-estar-social, mas aliado ao sistema financeiro numa econômia globalizada e sem regulamentação efetiva. O homem comum sabe onde, no final, a corda arrebenta.
Sem respostas convincentes, o que resta a sensação de poder da política e que nos faz relembrar, inevitavelmente, o tristes tempos da ditadura militar. A responsabilidade da sociedade - leia-se estado - é zelar pelo seu bem-estar, mas não pode discriminar pessoas conforme a região que mora e aparência física. A violência é causada pela própria sociedade que, com o uso da força, sem condições de resolver os seus efeitos, prefere a sua invisibilidade.
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Contraste - Os jornais estampam esta semana a greve dos sindicatos na França, um país que promoveu uma mudança política ao eleger o conservador Nicolas Sarkozy. Um governo que se aproximou das potências econômicas, no sentido de promover mudanças substanciais na estrutura de uma nação que promoveu por muitos décadas política voltada para os interesses sociais - o que resultou em tempos liberais em perda econômicas.
Esta não é a primeira revolta francesa nos últimos anos. A primeira, que envolvia jovens com idade de iniciar sua vida profissional, quis chamar a atenção para a falta de trabalho e a discriminação contra os imigrantes.
Mas o que chama mais a atenção é o rouba das jóias da ex-mulher de Sarkozy, avaliadas em R$1,5 milhões, retiradas de seu apartamento. Na verdade um constraste entre as duas informações: a greve dos trabalhadores por melhores condições de trabalho em meio a uma crise que atinge milhões de pessoas pelo mundo e a notícia sobre o assalto a ex-primeira dama francesa. De um lado trabalhadores em busca de melhores condições de vida, o tostão, de outro as jóias da ex-Senhora Sarkozy, o milhão.
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FSM - Esta semana foi marcada pelo Fórum Social Mundial realizado em Belém, reunião que traz discussões sobre a crise mundial que causou desemprego e fechamento de várias instituições financeiras, algumas famosas, sempre em evidência na mídia. Um dos pontos importantes em debate é a participação efetiva do Estado na economia, pois nas últimas décadas, com o ascendente liberalismo, apregou-se que o setor público seria maléfico para os interesses dos mercados, fundamentais para o desenvolvimento social.
A contradição veio exatamento com a crise imobiliária nos Estados Unidos e se espalhou por todo mundo, o que deixou transparente a incapacidade do mercado de se auto-regulamentar. Assim, o Estado passa a ganhar importância no sentido de evitar catastrofes maiores na sociedade. Contudo, o ponto a ser analisado é qual será esta participação estatal? Afinal, nem sempre o Estado esteve do lado simplesmente do bem-estar-social, mas aliado ao sistema financeiro numa econômia globalizada e sem regulamentação efetiva. O homem comum sabe onde, no final, a corda arrebenta.
ORDEM SEM PROGRESSO
Aumentar juros na contramão dos interesses da sociedade significa demonstrar como funciona um sistema que se apresenta sólido na injustiça e na forma de tratar a coletividade.
As transformações no modelo sociais são necessárias no sentido de adequar o sistema ao espaço de vida das pessoas – o espaço vivido. O socialismo/comunismo teve papel importante para a polarização de idéias e ideais entre dois sistemas com grandes diferenças de percepção do homem. O capitalismo triunfou pelas lógicas da força intrínseca dos pequenos grupos organizados, com estratégias que vai além da força intelectual particulares, a rigor, perpassa os meio de comunicação e educação. A princípio, se mostrou mais eficiente com efeito de igualdade , no entanto, não pôde esconder a desigualdade social, a centralização econômica exacerbada. A injustiça econômica reluz de maneira que ficam claras as diferenças entre aqueles detentores do capital e os marginalizados em guetos, em meio à pobreza financeira e de conhecimento.
Se um dia houve esperanças de mudanças a partir de cima para baixo, ou seja, um sistema que se transformasse para a inclusão parece que não ocorreu, de fato. Contudo, há algumas transformações emergindo na base deste sistema, devido à ineficiência na gerência do capital sem concorrência ideológica e da participação do próprio homem da margem no cenário político.
Numa análise simples é possível perceber que o acúmulo imensurado dos grupos econômicos levou a uma crise no próprio capitalismo, pois a bolha imobiliária nos Estados Unidos refletiu o anseio exagerado pelo resultado financeiro a qualquer custo, mesmo considerando levar a reboque um mundo inteiro, a bancarrota. Não é possível dizer que governo e investidores não conheciam os lastros de seus negócios e o resultado de seu fracasso, mesmo numa visão a longo prazo. Atitude que demonstra a segurança de especuladores em um sistema que os apóiam intransigentemente.
As discussões que surgem nas diversas mídias, na realidade, não passam de teatro, ao considerar que além da perda de bens de alguns, ninguém sofreu penalidades e ainda os especuladores espertos mantêm-se donos de grandes e vultuosas somas de recursos. Muitos ainda contam com apoio financeiro do Estado americano e dos vários países atingidos, inclusive no Brasil. A dívida chega a dois trilhões de dólares somente nos Estados Unidos, epicentro da crise, que será paga indubitavelmente pela população que não participou da farra especulativa.
No entanto, apesar do interesse de mudanças na forma de se organizar o sistema de poder político e econômico, há movimentos que continuam se posicionando contra as alternativas a um modelo que não serviu a algum propósito de liberdade e igualdade. Neste sentido, dois exemplos. O primeiro, a Bolívia de Evo Morales vem sendo criticada nos últimos dias justamente porque aprovou uma nova constituição que valoriza a cultura indígena em detrimento das regiões ricas, que, evidentemente, votou contra a aprovação as mudanças constitucionais – afinal, a mudança significa perda de poder das minorias. Estranho imaginar que o discurso hegemônico revela que a maioria não tem competência de propor mudanças, por considerar que as regiões que desaprovam a carta magna são habitadas por pessoas de alto padrão econômico, portanto, deve prevalecer a sua vontade em relação a da maioria, teoricamente incompetente para tomar decisões legítimas.
Um segundo exemplo vem do Brasil. Pois no país há uma grande discussão sobre a redução da taxa de juros por parte do governo - a Selic - e o aumento da cobrança de juros dos bancos particulares. Ressalta aos olhos a injustiça com a sociedade brasileira que a cada dia vê o aumento do índice de desemprego e deve conviver com os interesses mercantis dos bancos de aumentar seus rendimentos com altas taxas de juros, mesmo considerando o esforço da sociedade em se organizar no sentido de minimizar a crise vinda exatamente dos países ricos – Estados Unidos e Inglaterra, Japão principalmente.
Ora, onde está o bom senso? A chamada inadimplência é responsabilidade também da ordem financeira que fez quebrar grandes bancos que exploraram com ganância o mercado imobiliário, sobremaneira. Aumentar juros na contramão dos interesses da sociedade significa demonstrar como funciona um sistema que se apresenta sólido na injustiça e na forma de tratar a coletividade.
Apesar de tudo, a discussão, embora inevitável, se revela tímida, e quando se apresenta sobre estes temas o destaque é no sentido de consolidar uma prática que interessa a ordem, mesmo considerando que o modelo precisa sofrer mudanças em sua estrutura. O que deverá ocorrer mais cedo ou mais tarde, conforme se vê na participação mais efetiva do homem social, principalmente na política de Estado. Como exemplo a existência do Fórum Social Mundial, realizado este ano em Belém - diante das belezas da Amazônia- , num confronto de idéias com a reunião de Davos, na Europa. O debate ainda é tímido, mas sem dúvida já é um começo.
Se um dia houve esperanças de mudanças a partir de cima para baixo, ou seja, um sistema que se transformasse para a inclusão parece que não ocorreu, de fato. Contudo, há algumas transformações emergindo na base deste sistema, devido à ineficiência na gerência do capital sem concorrência ideológica e da participação do próprio homem da margem no cenário político.
Numa análise simples é possível perceber que o acúmulo imensurado dos grupos econômicos levou a uma crise no próprio capitalismo, pois a bolha imobiliária nos Estados Unidos refletiu o anseio exagerado pelo resultado financeiro a qualquer custo, mesmo considerando levar a reboque um mundo inteiro, a bancarrota. Não é possível dizer que governo e investidores não conheciam os lastros de seus negócios e o resultado de seu fracasso, mesmo numa visão a longo prazo. Atitude que demonstra a segurança de especuladores em um sistema que os apóiam intransigentemente.
As discussões que surgem nas diversas mídias, na realidade, não passam de teatro, ao considerar que além da perda de bens de alguns, ninguém sofreu penalidades e ainda os especuladores espertos mantêm-se donos de grandes e vultuosas somas de recursos. Muitos ainda contam com apoio financeiro do Estado americano e dos vários países atingidos, inclusive no Brasil. A dívida chega a dois trilhões de dólares somente nos Estados Unidos, epicentro da crise, que será paga indubitavelmente pela população que não participou da farra especulativa.
No entanto, apesar do interesse de mudanças na forma de se organizar o sistema de poder político e econômico, há movimentos que continuam se posicionando contra as alternativas a um modelo que não serviu a algum propósito de liberdade e igualdade. Neste sentido, dois exemplos. O primeiro, a Bolívia de Evo Morales vem sendo criticada nos últimos dias justamente porque aprovou uma nova constituição que valoriza a cultura indígena em detrimento das regiões ricas, que, evidentemente, votou contra a aprovação as mudanças constitucionais – afinal, a mudança significa perda de poder das minorias. Estranho imaginar que o discurso hegemônico revela que a maioria não tem competência de propor mudanças, por considerar que as regiões que desaprovam a carta magna são habitadas por pessoas de alto padrão econômico, portanto, deve prevalecer a sua vontade em relação a da maioria, teoricamente incompetente para tomar decisões legítimas.
Um segundo exemplo vem do Brasil. Pois no país há uma grande discussão sobre a redução da taxa de juros por parte do governo - a Selic - e o aumento da cobrança de juros dos bancos particulares. Ressalta aos olhos a injustiça com a sociedade brasileira que a cada dia vê o aumento do índice de desemprego e deve conviver com os interesses mercantis dos bancos de aumentar seus rendimentos com altas taxas de juros, mesmo considerando o esforço da sociedade em se organizar no sentido de minimizar a crise vinda exatamente dos países ricos – Estados Unidos e Inglaterra, Japão principalmente.
Ora, onde está o bom senso? A chamada inadimplência é responsabilidade também da ordem financeira que fez quebrar grandes bancos que exploraram com ganância o mercado imobiliário, sobremaneira. Aumentar juros na contramão dos interesses da sociedade significa demonstrar como funciona um sistema que se apresenta sólido na injustiça e na forma de tratar a coletividade.
Apesar de tudo, a discussão, embora inevitável, se revela tímida, e quando se apresenta sobre estes temas o destaque é no sentido de consolidar uma prática que interessa a ordem, mesmo considerando que o modelo precisa sofrer mudanças em sua estrutura. O que deverá ocorrer mais cedo ou mais tarde, conforme se vê na participação mais efetiva do homem social, principalmente na política de Estado. Como exemplo a existência do Fórum Social Mundial, realizado este ano em Belém - diante das belezas da Amazônia- , num confronto de idéias com a reunião de Davos, na Europa. O debate ainda é tímido, mas sem dúvida já é um começo.
ESTRATÉGIAS PÓS-MOERNAS
O salto aos olhos neste momento o grande apoio popular dado a Barack Obama, conforme relato da imprensa, cerca de 80%. Assim, o país-império atinge um de seus ideais: não ser odiado como na, impopular, era Bush, o que poderá render uma relação menos conflituosa com o mundo.
A data da posse do novo presidente dos Estados Unidos se transformou numa grande apoteose, com transmissão que atingiu o mundo todo, ao vivo, sem deixar nenhum detalhe dos momentos da grande festa. Cabe no entanto não deixa de lado o racional e avaliar sem emoção as grandes questões que envolvem o momento atual do país-império nesta pós-modernidade. A princípio não se pode esquecer das estratégias econômicas, políticas e culturais que estão por trás das mudanças que envolvem a condução do sistema social mundial. De fato, não se pode afirmar que George Bush seja o grande culpado pela decadência do país americano e Barack Hussein Obama o grande salvador da pátria.
Escolher pode expiatório e deuses parece ser um lugar comum quando se quer evitar discutir a estrutura de um sistema que tem na sua formação instituições hegemônicas. Sobretudo, as grandes empresas, bancos, poder militar, organizações sociais. Os Estados Unidos, como todo país que se vê como império, têm seu tempo de prosperidade e decadência, como ocorreu com a Inglaterra, por exemplo. Os excessos cometidos na formação desta estrutura devem ser avaliados, afinal, não é possível imaginar um presidente ser eleito simplesmente pelo desejo dos cidadãos, sendo negros ou brancos. Por detrás da formação de um grupo dirigente há pessoas de poder financeiro que movimenta o espaço político. Não será diferente com nenhum presidente dos países mundiais capitalistas. Verdade é que Obama conta com apoio de grandes empresas, políticos e organizações que deram base para sua vitória, o que culminou no final com a aceitação da sociedade, formada por pessoas saturadas com um sistema imperialista criticado e odiado globalmente – um erro para uma economia imperialista.
Neste sentido é preciso analisar as estratégias, que muitas vezes, simplesmente, servem ao propósito de permitir mudanças para, no fim, manter a estrutura ou evitarem grandes perdas. A rigor, a decadência financeira dos Estados Unidos vem sendo formada ao longo dos últimos anos, com sucessivas crises do capitalismo, invitáveis, diga-se de passagem, devido à complexidade do próprio sistema conduzido por interesses de grupos, que, mesmo agindo no “coletivo” na defesa de um modelo, paradoxalmente, de maneira particular, cada um, busca enriquecimento egoisticamente.
O salto aos olhos neste momento o grande apoio popular dado a Barack Obama, conforme relato da imprensa, cerca de 80%. Assim, o país-império atinge um de seus ideais: não ser odiado como na, impopular, era Bush, o que poderá render uma relação menos conflituosa com o mundo. Mas será que com a troca de poder político o capital centralizador será menos hostil com os países pobres? Haverá mudanças no tratamento com os parceiros mundiais tidos estrategicamente como “eixo do mal”? As trocas econômicas envolvendo Estados Unidos e o resto do mundo não serão de imposição, algumas vezes com apoio militar – como é o caso do Iraque, Coréia do Norte, palestina e Cuba?
A torcida pelo sucesso social de Obama é claro nos quatro cantos do planeta. Inteligência e perfil de uma grande liderança são expressivos no novo presidente, entretanto, é preciso entender a dinâmica do capitalismo que de crise em crise vai construindo sua base para superar os entraves e manter-se na direção de mentes e corações. O que não se sabe é até quando a reação as mudanças vai ocorrer, pode ser este o momento de o mundo conhecer nova alternativa de sistema social. É aguardar para ver.
Em resumo, todavia, um império para continuar hegemônico precisa mudar suas estratégias de domínio e o seu discurso para manutenção de um sistema. Contudo, cabe aos leitores e debatedores procurar entender o que está por trás dos movimentos – verdade é que muitos intelectuais conhecem as nuances do poder, mas evitam a dissonância discursiva aparente. De fato, embarcar nas análises simplistas significa fazer parte de uma massa ainda passiva diante da realidade contemporânea, paradoxalmente, na era da informação.