A direita dos
partidos de esquerda é cada vez mais conservadora do que a esquerda dos
partidos de direita. Vale a pena a observação
Visão política
– Ao observar do início das campanhas eleitorais para 2012 há uma
constatação possível, que olhada mais detidamente se mostra factível: as
ideologias partidárias se desfazem rapidamente. Os partidos conhecidos
como de esquerda abrigam lideranças tradicionalmente de direita, sendo
que o contrário pouco ocorre, justamente pela participação mais efetiva
do coletivo social nas relações políticas, na busca do que lhe favoreça.
Há uma mistura entre comunista, capitalista, ruralista, num embaralhar
com vistas aos resultados de poder (sobretudo, com base no econômico).
Em cidades do interior o candidato a prefeito surge das bases empresariais, da construção civil ou até mesmo de ruralistas, que assume candidatura em nome do partido dos trabalhadores, ou em legenda na teoria defende uma esfera pública popular ou socialista. As filiações de conhecidos nomes de organizações empresariais, ao se filiarem a este tipo de partido, se fazem merecedores de afortunadas festas de marketing, com participação de tradicionais lideranças, que se diziam de pensamento comunista. Um paradoxo, mas nem tanto.
Logo surge a certeza, não existe mais ideologia e os partidos pouco importam, pois a população vota em nomes (de sua representação), simplesmente. Na realidade, não é assim que se resolve. Os candidatos sempre se legitimam somente através dos partidos, sendo que as agremiações se sobrepõem aos nomes – numa estratégia sistêmica. Tanto é verdade que o cargo eletivo é do partido e não do candidato eleito, como se sabe, ratificado em lei. A existência de uma liderança sem partido inexiste, o qual está submetido as suas lógicas de pensamento, seja de direita ou de esquerda – ou centro.
Efetivamente, fora das aparências há uma disputa pelo poder que não passa pela legitimação dos eleitores (social), mas dos partidos e de suas lideranças e relações de poder, o que envolve sobremaneira o econômico. A satisfação dos membros dos partidos da esquerda, na contemporaneidade, está na condição de sua inserção aos valores de uma sociedade das trocas capitalistas, e não sociais.
Assim, no Brasil (especialmente no interior), parafraseando Fukuyama (defensor do fim da história, com a globalização do capitalismo): a direita dos partidos de esquerda é cada vez mais conservadora do que a esquerda dos partidos de direita. Vale a pena a observação.
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