O paradoxo de Palocci

A entrevista do chefe da casa civil ao jornal nacional serviu como último recurso para salvar o ministro, que sem o apoio do partido, com críticas sucessivas na imprensa e a indiferença da presidente, não havia outra solução, tentar o apoio popular

 
GOVERNO – A cada dia devemos nos convencer que o debate mais importante nem sempre é feito em público. No caso do enriquecimento – que de fato conforme as regras da lei -  de Antonio Palocci há um paradoxo que merece ser analisado, pois qual a razão que as lideranças políticas conservadoras, grande parte dependentes do mercado e indústria, tem de querer a saída do ministro do principal cargo do comando do governo de Dilma Rousseff (PT)?

A resposta parece simples: desestabilizar a administração petista e colocá-la no balcão de negócios, de maneira a facilitar a inserção do capital volátil na esfera pública.

Não há dúvida que Palocci está longe de ser um petista radical. Está mais para um negociador que é sensível à participação dos grandes empresários nacionais e internacionais, os chamados players, na governabilidade. Tanto é verdade que conseguiu reunir em pouco tempo uma fortuna, que seria no mínimo estranha para um esquerdista trotskista de carteirinha.

O ministro é um bom negociador e interlocutor entre governo e capital. Então por que vem sendo questionado pela grande mídia, com fontes políticas tradicionais? O que demonstra pouca habilidade política da direita e falta de sintonia com o grande capital.

Na realidade a queda de Palocci se deve, o que se pode conjecturar, ao chamado fogo amigo, pois há uma visível diferença entre as linhas ideológica do partido dos trabalhadores, sendo que os seus correligionários não veem o ministro alinhado com as lógicas partidárias, e por uma questão de espaço passou a ser alvo de críticas internas, com mais material para a mídia.

O governo sangra sem parar, a direita faz o jogo que interessa aos grupos políticos de oposição, de tal ordem que deverá haver um rearranjo no governo de Rousseff. Desta forma, a saída do principal agente político do quadro atual do Palácio do Planalto deverá ceder lugar para outro nome nas próximas semanas.

A entrevista do chefe da casa civil ao jornal nacional serviu como último recurso para salvar o ministro – em essência nada acrescenta ao que já estava dito – que sem o apoio do partido, com críticas sucessivas na imprensa e a indiferença da presidente não havia outra solução, tentar o apoio popular. No entanto, a população, por sua vez deve achar muito estranho o ministro petista se enriquecer tão rapidamente, com negociações com grande empresas do mercado financeiro. Para o governo não há solução.

0 comentários:

Postar um comentário

Dar a sua opinião é participar, ativamente, do espaço social.