Problemas da democracia

Na realidade, na política, o que não se vê é mais importante do que é explícito.

Política - As atuais disputas no Senado Federal, de alguma forma, demonstram os problemas da democracia na sociedade contemporânea. A princípio os enfrentamentos são inevitáveis num espaço em que a ordem é estar no poder, no comando da estrutura sob a qual gravita a esfera pública. Considerando que a política e a economia estão interligadas na organização do espaço social, as autoridades que aparecem nos meios de comunicação, como sendo os responsáveis pela corrupção, são na verdade a ponta de um iceberg que esconde a base que não se podem ver nitidamente, imersa nos discursos e atitudes dos agentes políticos e sociais.

Historicamente, Sarney não começou na vida pública nesta gestão e serviu aos propósitos de interesses da sociedade em determinado momento, pontualmente, quando o Brasil deixou o governo militar para a democracia, após a morte de Tancredo Neves. Aliado de partidos conservadores e criticado por partidos que cobravam mudanças na estrutura social, que, de fato, não ocorreu. Se de fato, pode dizer que a política tem papel importante na formação da sociedade José Sarney, Renan Calheiros e muitos outros têm seu quinhão nesta empreitada, afinal foram eleitos por seus estados por muitas legislações, e sendo destaque no congresso devido o conhecimento dos espaços que o poder concede, assim, com destaque entre os colegas.

Somente para ficar em um exemplo, Fernando Henrique Cardoso, na presidência da República conviveu com o apoio explícito de Antonio Carlos Magalhães, outro nome que passa para a história. Em algum momento chegou-se a conjecturar que ACM seria mais que apenas um parlamentar próximo do governo, mas que exercia influência na condução do País. Ou seja, o presidente sociólogo entendeu que não seria possível governar sem o apoio dos grandes nomes da política – até mesmo da economia brasileira e mundial -, mesmo maculados por atitudes anti-éticas.

Muitos analistas políticos criticam a postura de um governo que sendo de esquerda deveria demonstrar distanciamento de determinadas figuras conhecidas do congresso brasileiro, entretanto, não avaliam que na "democracia" a política exige negociação a todo instante, o que deve ser feito por todos os eleitos, sob pena de não conseguir se estruturar no poder – gestão que não é feito por apenas uma pessoa ou um grupo. Desta forma, na essência um governo tem várias cores e matizes que o torna não um corpo único, mas um misto de participações e apoios, os mais diversos. Neste sentido, com olhos no futuro se estabelece os enlaces agora, mesmo que isso represente a perda de valores construídos e aceitos pela sociedade.

Na realidade, na política, o que não se vê é mais importante do que é explícito. A mídia tem o seu papel: participa deste jogo tornando visível aquilo que interessa a efetivação do discurso que faz parte, mesmo conhecendo todo o debate. No jornalismo, os estudiosos conhecem esta estratégia de domínio como sendo agendamento.

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