DEM, EIS O EFEITO BORBOLETA

A rigor, mexer na base da pirâmide, possível com o avanço capitalista, pode significar efeitos na estrutura global.

POLÍTICA DO ESCÂNDALO - A crise que ocorre no setor econômico mundial, de alguma forma, se instalou no sistema de representação social de maneira geral. Na realidade, numa sociedade em que a economia é a vedete e protagonista do palco em que os atores se movimentam, a sua instabilidade gera abalo em todo universo com reflexos prolongados. Entretanto, estas rupturas não ocorrem por acaso, se há mudanças nas lógicas de negociações, principalmente, na base da pirâmide, formada pelo grosso da sociedade, inevitavelmente, o efeito será sentido no topo, com graves consequências. No Brasil, por exemplo, os partidos políticos que sustentam ideologicamente o pensamento liberal, de fato, parecem perder a hegemonia e sentem abalos na sua estrutura.

A vitória de Barack Obama, nos Estados Unidos, a intransigência de países como Irã e Coréia do Norte aos interesses de nações hegemônicas mundiais, além do crescimento econômico da China, um país com modelo socialista, revelam um processo de negociação em que não se pode apostar em vencedores e vencidos. A globalização virou uma faca que corta dos dois lados: permite as muitas classes socais se dialogarem para movimentos muito rápidos. Em contrapartida, Estados ricos ganham agilidade na difusão de conhecimento nas periferias. Uma guerra de discursos e com reflexos na manutenção da ordem.

A América Latina, serve como análise, pois, continua formando governos populares, embora haja reações, aqui e ali, de enfrentamentos institucionais e manutenção temporária da estrutura. O Brasil, a exemplo, do que vem ocorrendo na região, promove mudanças substanciais no espaço político, com queda de partidos tradicionalmente de direita. Como saída tentam negociações e fazem junções com agremiações de esquerda. Com isso a ideologia partidária perde seus relatos e uma nova paginação se estabelece. Assim a adequação se efetiva com base nos interesses econômicos, com linguagem que se aproxima do popular. Aqueles que tentaram evitar o diálogo e persiste no poder de decisão autoritária perderam, ao longo do tempo, a capacidade para o enfrentamento e simbolicamente o poder.

Neste instante, no cenário da política brasileira, os Democratas (antigo PFL), partido de direita ortodoxo, desloca-se do centro em virtude das dificuldades de mudanças de modelo, que paradoxalmente o faz existir. O escândalo envolvendo o governador do Distrito Federal complica mais ainda a frágil situação do partido, que nem sempre esteve preocupado com escândalos.

O PSDB que nasceu com a proposta da social democracia, sendo que no governo defendeu os interesses da hegemonia econômica global, passa por dificuldades em virtude do pragmatismo que não serve ao momento, depois de sucessivas crises do modelo financeiro. Mudar o discurso, seria muito complicado, arriscaria perder a própria identidade.

Além destes partidos, que se fazem representativos e à frente da política brasileira, restam o PMDB - que se mostra um misto de todos os matizes, portanto, inatingível, pois qualquer bandeira lhe cai bem - e o PT do presidente da República, com popularidade histórica, com direito a papel principal em filme, o qual provoca filas nas grandes salas de cinema.

A pergunta que sobressai é: será que os petistas entenderam os anseios da opinião da maioria ou descobriram uma nova artimanha para estar no poder? A rigor, mexer na base da pirâmide, possível com o avanço capitalista, pode significar efeitos na estrutura global.


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