O muro foi ao chão, mas paradoxalmente seus limites não desapareceram, a crise continua. Como derrubá-lo de fato? Eis a questão.
Política - Definitivamente é exagerada a publicidade midiática sobre a queda do muro de Berlim, na Alemanha, o qual dividia a parte ocidental capitalista e oriental socialista. O fato é gerador de notícias, pois se trata de uma data que trouxe transformações sociais e marcou a política mundial. Entretanto, o exagero e o ângulo tratado certamente distorcem os fatos e ocasiona a perda de memória em uma sociedade carente de informação, que se afaste dos interesses econômicos, simplesmente. O muro do comunismo caiu, mas isto que não quer dizer que a sociedade rompeu obstáculos que põem de lados opostos vidas em condições diferentes de sobrevivência. Não cabem comemorações, mas reflexões profundas.
Há muros entre Estados Unidos e México, primeiro mundo e outros mundos. Educação e analfabetismo continuam dividindo milhões de seres humanos que pouco discernem a realidade em se que vivem, de maneira profunda, pois são alvejados por uma formação somente da imagem centralizada. Fartura e miséria continuam sendo a pedra de toque de uma sociedade que vive na mitologia positivista da natureza, sem se dar conta que a falta de alimento passa pelas lógicas políticas e econômicas, sobretudo. Infelizmente, o capitalismo, quase sempre em crise, não pode dispor de um momento para sua reflexão – com olhar nas pequenas fendas - sobre a necessidade de igualdade e democracia, que resultem em qualidade educacional, formação de identidade e desenvolvimento econômico para os diversos países do mundo, seja no Iraque ou na Iugoslávia.
Como comemorar um evento que não ofereceu exatamente o que se esperava: um mundo melhor? O que há de fato é um único sistema que por isso entrou em crise, levando ao colapso de sua própria realidade apregoada, a solidez. Cabe lembrar-se da necessidade de reparo de um muro constantemente, ou senão ele vai ao chão. Os limites precisam fazer sentido, ou então a fazê-lo entender.
O muro de Berlim perpassa a realidade social como um todo, não se trata de uma definição imposta de um sistema político e econômico centralizado. O socialismo é também social, que se foi desastroso para a civilização se fez uma maneira da busca de milhares de pessoas por alternativa, embora não encontrada. As conseqüências são inevitáveis, como bem sabe os alemães. A derrota é de toda uma sociedade que não conseguiu chegar a alternativas para uma realidade que agrada nem sempre a todos.
Um muro não pode separar o mundo, mas das formas de pensar e ser. A sua queda leva a crises, que traz novas buscas e novos enfrentamentos, permanentemente. As guerras continuam como se vê seus reflexos todos os dias. A notícia torna-se fundamental para se conhecer e entender a história, mas não se deve confundir informação com interesses ideológicos e propaganda. O muro foi ao chão, mas paradoxalmente seus limites não desapareceram, a crise continua. Como derrubá-lo de fato? Eis a questão.
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