O fim da obrigatoriedade, caso ocorra, deverá levar a formação de um grande exército de reserva de profissionais e, por conseguinte, a perda da visão ética que norteia a comunicação, que interage com a opinião pública.
Jornalismo - Nesta quarta-feira (1º) o Supremo Tribunal Federal decide a manutenção ou revogação da Lei de Imprensa e obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a função. Uma decisão que envolve mudanças significativas na estrutura social, mais do que muitos imaginam. O que parece ser algo simples, apenas mais uma votação da justiça, na realidade representa a abertura de uma discussão que envolve toda sociedade brasileira: a comunicação de massa e a liberdade de informação. Evidentemente, que as grandes empresas do setor são favoráveis e pressionam neste sentido para o fim a exigência do documento. Apesar de não deixar claro seus objetivos fica evidente a busca da organização do jornalismo que atenda os seus interesses filosóficos, éticos e econômicos.
Verdade, que as entidades que representam a categorias lutam para manter uma reserva de mercado, o que não diferencia das outras profissões regulamentadas, como direito e medica, por exemplo. No entanto, tão fundamental para a democracia está à comunicação mediada de ser gerida por profissionais capazes de entender todo o processo comunicativo que envolve a relação com o poder político e econômico e o espaço público. Não seria demais afirmar que a estruturação de uma sociedade, seja moderna ou pós-moderna, passa pela comunicação social, com participação efetiva dos meios indispensáveis. A rigor, não é possível imaginar, na contemporaneidade, o homem viver sem a mediação dos veículos e das novas tecnologias da informação. Entretanto, a liberdade está intrinsecamente ligada a estas mediações.
Possível imaginar que a sociedade se forma culturalmente a partir da comunicação que ela estabelece no seu interior, portanto, a determinação da ordem passa pela difusão das mensagens que serão também reproduzidas pelos indivíduos. A maneira de tratar esta informação condiz com a ordem que irá se estabelecer. Neste sentido, as empresas de comunicação passam a ganhar mais poder do que antes, pois terá condições a partir de suas definições de sistema social, definir o discurso reverberado.
O fim da obrigatoriedade, caso ocorra, deverá levar a formação de um grande exército de reserva de profissionais e, por conseguinte, a perda da visão ética que norteia a comunicação, que interage com a opinião pública. Perde a maioria da sociedade que passa a estar mais a mercê da ética traçada pelos donos de grandes impérios da imprensa brasileira.
Considerando que ao longo das últimas décadas há mudanças substanciais no sistema social, a busca imperiosa pela revogação da obrigatoriedade do diploma faz parte de uma estratégia de manutenção de uma ordem que, certamente, faz parte desta luta social para a existência de uma estrutura que se entende questionável e muitas vezes injusta.
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