A Farra
Charge - publicada pela Folha de S. Paulo, hoje (21 de abril), que retrata a farra com o dinheiro público, mesmo considerando o olhar da sociedade sobre as irregularidades cometidas por grupo de parlamentares.
Política e Realidade
Desta forma, as viagens aéreas com dinheiro público – uma das tradições da política autoritária e coronelista - reproduzidas em escândalos nos meios de comunicação de massa, não servem ao propósito de esclarecer os fatos.
Gastança - Não é de hoje a festa na política brasileira, que vem desde o surgimento do Brasil com uma burocracia que servia aos propósitos da metrópole em detrimento da sociedade tupiniquim que havia por estes lados. Esta farra com o dinheiro dos brasileiros não é nova e nem é um privilégios de brasileiros, afinal, a disposição de se apoderar dos recursos produzidos por uma nação faz parte de um sistema concentrador. Portanto, esta discussão sobre a gastança dos representantes do povo, com tanto barulho, serve apenas para preencher páginas de jornal e destacar pontos das mazelas sociais. Assim, mais desorienta do que informa a sociedade sobre os problemas estruturais existentes.
Uma hipocrisia imaginar que o dinheiro dispensado pela política brasileira é usado de maneira sempre honesta. Os donos de jornais, empresários, intelectuais e pessoas medianamente pensantes sabem que o dinheiro público serve a outros fins que não somente os interesses sociais. As trocas de favores entre líderes políticos tornaram-se uma tradição do país, mesmo considerando que são milhões de reais que engordam bolsos de uma classe social e promove a pobreza de milhões. Quem não quiser enxergar isso tem toda a liberdade de viver alienado diante de uma realidade de marginalização de indivíduos não funcionais, que não podem deixar de ser percebidos em ruas e avenidas urbanas.
Os jornalistas e um grupo seleto de empresários, por exemplo, conhecem bem os trâmites do poder, pois vivem numa relação permanente com a política, ao ponto de alguns deles serem responsáveis pela eleição de candidatos desconhecidos, pouco confiáveis, desonestos e populistas. Evidentemente, que cada qual serve aos interesses das circunstâncias de organização dos ideais de sociedade, definidos por um centro gerador de conhecimento, conforme estrutura que se queira.
Desta forma, as viagens aéreas com dinheiro público – uma das tradições da política autoritária e coronelista - reproduzidas em escândalos nos meios de comunicação de massa, não servem ao propósito de esclarecer os fatos, embora contribua para dar visibilidade à condução do espaço público por seus líderes eleitos. Destaca, entretanto, apenas pontos do iceberg, sob o qual está uma realidade que deveria ser tratada de maneira a formar uma sociedade democrática, ou seja, que a informação não fosse simplesmente sobre os reflexos, mas que iluminasse o que está por trás do que é informado superficialmente.
Se o procedimento continuar logo teremos mais páginas de jornal, como uma novela que mistura ficção e realidade, sem haver condições de se avaliar o espaço vivido de cidadãos que acreditam no futuro e na liberdade.
Curta - O Poder de Brasília
Aniversário - Brasília completa hoje 49 anos, sendo inaugurado pelo mineiro Juscelino Kubitscheck em 21 de abril de 1960. Embora seja a capital federal projetada e idealizada para ser funcional e a cidade do poder, no centro do país, carrega em torno de si a pobreza e as diferenças de renda peculiares ao Brasil.
A começar pela diferença que há entre Brasília e a região do entorno. A primeira com seus altos salários, sendo que a condição de vida de seus ilustres moradores, salvo exceção, está entre as melhores, perdendo apenas para São Paulo. Entretanto, as cidades da região convivem com a violência e a pobreza de pessoas que buscam aproveitar da riqueza da capital.
Parabéns para os brasilienses e brasileiros que comemoram o aniversário de sua capital, entretanto, não se podem esquecer das mazelas existentes, muitas delas pela omissão dos representantes das comunidades sociais que usufruem das festas perenes na cidade do poder.
A começar pela diferença que há entre Brasília e a região do entorno. A primeira com seus altos salários, sendo que a condição de vida de seus ilustres moradores, salvo exceção, está entre as melhores, perdendo apenas para São Paulo. Entretanto, as cidades da região convivem com a violência e a pobreza de pessoas que buscam aproveitar da riqueza da capital.
Parabéns para os brasilienses e brasileiros que comemoram o aniversário de sua capital, entretanto, não se podem esquecer das mazelas existentes, muitas delas pela omissão dos representantes das comunidades sociais que usufruem das festas perenes na cidade do poder.
Irís Rezende e os ônibus
A sociedade dá o seu recado, primeiro com barulho, depois o silêncio e finalmente o resultado.
Sociedade - Estranha a forma como a prefeitura de Goiânia concede aumento para o transporte coletivo para a capital. Afinal, o preço pago pelo usuário já está alto demais com o valor de R$2,00 e agora terá que desembolsar R$2,25. Um dos bilhetes mais caros do Brasil, numa capital que não está entre as mais ricas do país. Ainda a implantação do sistema City bus, com passagem no valor de R$4,50 está longe da capacidade de gastos de uma minoria da cidade, pois se avaliado numa relação de custos e benefício o carro é mais econômico do que transporte implantado. Um projeto que possivelmente não atingirá o resultado que se espera: reduzir o número de veículos no centro da metrópole. Medidas que podem refletir na popularidade do chefe do executivo que se apresenta candidato às eleições de 2010.
Como em política, os segredos não são midiatizados e o que é revelado para o público, muitas vezes, tem interesses partidários, o fato é que a atitude de Rezende vai de encontro com os interesses políticos de seu grupo. Afinal, o prefeito tem uma larga trajetória no estado que misturam altos e baixos. Está numa grande fase de aceitação popular, entretanto, não se pode esquecer-se de acenar para o público que também sofre com a crise econômica, não somente os empresários - neste caso do setor de transporte urbano.
O sinais são visíveis não somente para a oposição, mas para a coletividade. Durante a semana vários manifestações no centro de Goiânia e nas instituições acadêmicas, com enfrentamento entre estudantes e Polícia Militar, contra o aumento exagerado e fora de sintonia com o momento em que vive a economia mundial. A sociedade dá o seu recado, primeiro com barulho, depois o silêncio e finalmente o resultado.
Sociedade - Estranha a forma como a prefeitura de Goiânia concede aumento para o transporte coletivo para a capital. Afinal, o preço pago pelo usuário já está alto demais com o valor de R$2,00 e agora terá que desembolsar R$2,25. Um dos bilhetes mais caros do Brasil, numa capital que não está entre as mais ricas do país. Ainda a implantação do sistema City bus, com passagem no valor de R$4,50 está longe da capacidade de gastos de uma minoria da cidade, pois se avaliado numa relação de custos e benefício o carro é mais econômico do que transporte implantado. Um projeto que possivelmente não atingirá o resultado que se espera: reduzir o número de veículos no centro da metrópole. Medidas que podem refletir na popularidade do chefe do executivo que se apresenta candidato às eleições de 2010.
Como em política, os segredos não são midiatizados e o que é revelado para o público, muitas vezes, tem interesses partidários, o fato é que a atitude de Rezende vai de encontro com os interesses políticos de seu grupo. Afinal, o prefeito tem uma larga trajetória no estado que misturam altos e baixos. Está numa grande fase de aceitação popular, entretanto, não se pode esquecer-se de acenar para o público que também sofre com a crise econômica, não somente os empresários - neste caso do setor de transporte urbano.
O sinais são visíveis não somente para a oposição, mas para a coletividade. Durante a semana vários manifestações no centro de Goiânia e nas instituições acadêmicas, com enfrentamento entre estudantes e Polícia Militar, contra o aumento exagerado e fora de sintonia com o momento em que vive a economia mundial. A sociedade dá o seu recado, primeiro com barulho, depois o silêncio e finalmente o resultado.
Obrigatoriedade do diploma
O fim da obrigatoriedade, caso ocorra, deverá levar a formação de um grande exército de reserva de profissionais e, por conseguinte, a perda da visão ética que norteia a comunicação, que interage com a opinião pública.
Jornalismo - Nesta quarta-feira (1º) o Supremo Tribunal Federal decide a manutenção ou revogação da Lei de Imprensa e obrigatoriedade do diploma de jornalista para exercer a função. Uma decisão que envolve mudanças significativas na estrutura social, mais do que muitos imaginam. O que parece ser algo simples, apenas mais uma votação da justiça, na realidade representa a abertura de uma discussão que envolve toda sociedade brasileira: a comunicação de massa e a liberdade de informação. Evidentemente, que as grandes empresas do setor são favoráveis e pressionam neste sentido para o fim a exigência do documento. Apesar de não deixar claro seus objetivos fica evidente a busca da organização do jornalismo que atenda os seus interesses filosóficos, éticos e econômicos.
Verdade, que as entidades que representam a categorias lutam para manter uma reserva de mercado, o que não diferencia das outras profissões regulamentadas, como direito e medica, por exemplo. No entanto, tão fundamental para a democracia está à comunicação mediada de ser gerida por profissionais capazes de entender todo o processo comunicativo que envolve a relação com o poder político e econômico e o espaço público. Não seria demais afirmar que a estruturação de uma sociedade, seja moderna ou pós-moderna, passa pela comunicação social, com participação efetiva dos meios indispensáveis. A rigor, não é possível imaginar, na contemporaneidade, o homem viver sem a mediação dos veículos e das novas tecnologias da informação. Entretanto, a liberdade está intrinsecamente ligada a estas mediações.
Possível imaginar que a sociedade se forma culturalmente a partir da comunicação que ela estabelece no seu interior, portanto, a determinação da ordem passa pela difusão das mensagens que serão também reproduzidas pelos indivíduos. A maneira de tratar esta informação condiz com a ordem que irá se estabelecer. Neste sentido, as empresas de comunicação passam a ganhar mais poder do que antes, pois terá condições a partir de suas definições de sistema social, definir o discurso reverberado.
O fim da obrigatoriedade, caso ocorra, deverá levar a formação de um grande exército de reserva de profissionais e, por conseguinte, a perda da visão ética que norteia a comunicação, que interage com a opinião pública. Perde a maioria da sociedade que passa a estar mais a mercê da ética traçada pelos donos de grandes impérios da imprensa brasileira.
Considerando que ao longo das últimas décadas há mudanças substanciais no sistema social, a busca imperiosa pela revogação da obrigatoriedade do diploma faz parte de uma estratégia de manutenção de uma ordem que, certamente, faz parte desta luta social para a existência de uma estrutura que se entende questionável e muitas vezes injusta.