O PENSAMENTO ÚNICO RUIU

Embora tenhamos muitas questões a serem analisadas neste momento de quebradeira dos bancos, ícones da globalização, devemos analisar como as informações continuam na direção de ratificar o pensamento único, advindo de uma realidade que nunca existiu.

O sistema global começa a implodir, finalmente, depois de várias décadas de expansão exagerada do setor financeiro e a disseminação da desigualdade social. Na verdade este é o resultado de um mundo que se tornou excessivamente homogêneo, numa visão singularmente econômica, com grandes dificuldades de estar nele para uma população que se tornou refém das redes financeiras, sustentada pelo discurso dos meios de comunicação de massa, sempre em expansão, como suporte de informação e publicização de imagem de força, ordem, igualdade e crescimento. Infelizmente, a realidade que se mostrou e que se mostra não é esta como se vê, mais nitidamente agora, com a crise dos mercados globais, o motor deste sistema de fluxo financeiro contínuo e imediato está com a engrenagem avariada.

Embora tenhamos muitas questões a serem analisadas neste momento de quebradeira dos bancos, ícones da globalização, devemos analisar como as informações continuam na direção de ratificar o pensamento único, advindo de uma realidade que nunca existiu, sempre construída a partir de interesses tão-somente particulares de grandes grupos centrados no financeiro e político. Neste sentido, até mesmo os representantes simbólicos desta estrutura, que por ora está em xeque, são colocados como bode expiatório. Como exemplo o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, aparece para a mídia brasileira como uma figura do fracasso, incapaz de dar suporte para a resolução do problema, como se fosse o responsável pela crise que abate o setor bancário e países centrais. Se um dia representou a figura capaz de liderar uma ordem global, livrando o mundo do caos, cujo epicentro viria das regiões periféricas, agora o chefe estadunidense aparece como incapaz, uma autoridade sem carisma e competência. O líder liberal impopular jogado a própria sorte, de um destino inevitável.

O surgimento dos chamados bode expiatório se faz uma estratégia muito simplista, para não dizer maldosa, que visa apresentar para a sociedade pessoas culpadas pelos erros que assola comunidades inteiras espalhadas pela aldeia global. A rigor, estratégia se mostrou eficiente no Brasil por muitos momentos, como no caso Collor de Melo, governos militares, crises no parlamento brasileiro, com emblemático caso Renan Calheiros. No final, apenas uma atitude de agradar pessoas atingidas pela crise, como forma de compensação por algo que sensibiliza negativamente a opinião pública. O problema continua do mesmo tamanho, ou talvez mais complexo, entretanto, com o alento público. Indubitavelmente, Bush não é o único culpado pela crise, afinal, não existe país de apenas uma pessoa que o dirige. Por trás de qualquer governo há grupos que representam interesses os mais diversos. No mundo globalizado liberal, na base de um governo está o setor financeiro, primordialmente – consensualmente, o que representa o desenvolvimento e as grandes transformações sociais. No Brasil não é diferente.

As grandes questões que se surgem neste instante: a rigor, estamos ou não numa grave crise? Haverá mudanças na estrutura do sistema liberal que, ao longo das últimas décadas, quis um estado submetido aos interesses econômicos, simplesmente? Continuará a pressão política pela redução do Estado do bem-estar social? Questões difíceis de responder, entretanto, na mídia é possível perceber a busca de relatos de personalidades do setor financeiro para reforçar que se trata apenas de uma crise passageira, que no final estaremos todos muito bem, e, certamente, melhores, numa sociedade dirigida por pessoas da mais alta competência, até porque as crises no capitalismo são inevitáveis. O que não se mostra tão simples é imaginar que muitos ficarão na miséria enquanto aqueles os quais sempre foram privilegiados continuarão bem financeiramente e em condições para liderar a passagem para um sistema que se mantém como antes, ou seja, centralizador, sistematizador. Como discurso tal afirmação pode não se materializar.

Os discursos, ou melhor, as notícias estampadas nos meios de comunicação de massa, salvo exceção, dão conta da crise, mais apresenta o terror de uma sociedade diferente daquela idealizada como a ideal, ou seja, de mercados liberais. Deste modo, a mídia se torna, como sempre se apresentou, como importante veículo para difundir os mesmos ideais, apesar da aparência de mudanças. Ademais, mantém-se como o importante meio para evitar tensões e estabelecer manutenção da ordem, apesar do derretimento de um sistema que se passa por eficiente, mas determinante. Depois da turbulência, o pensamento econômico não continuará único, pois, a comunicação fora das redes tem seu fluxo.

1 comentários:

Anônimo disse...

antenadíssimo como sempre né professor...
seus questionamentos são muito importantes para a comunidade...
e olha , vai uma dica...
o blog está maravilhoso, só falta uma mãozinha criativa pra dar uma identidade visual a ele...que tallll
hein????!!!!

Desculpe é pq sou de publicidade e não consigo segurar!


Mayra Mendonça / FASAM-Estudante de Publicidade

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