O que ressalta nos tempos atuais é a falta de percepção do importante papel do Estado como ordenador, voltado para o bem-estar social, que foi contestado pela grande mídia e por inúmeros intelectuais brasileiros no passado e ainda hoje. Se, de fato, as nações, principalmente os países periféricos, tivessem seguindo as propostas liberalizantes apregoadas, certamente conviveríamos com mais concentração econômica para uma inconseqüente desterritorialização social e cultural imensurável, com graves reflexos no mundo. O que se percebeu de algum modo foi a materialidade de outro caminho, sobremaneira na América Latina, com governos eleitos que deveriam se posicionar em favor de um Estado regulador, com construção de fronteiras para a defesa dos interesses locais. Logo, torna-se forçoso afirmar que um sistema não funciona sem a participação efetiva dos diferentes ambientes sociais, apesar da força do discurso externo, universalizante.
A globalização, no contexto, o da economia global com resultados de crescimento equânime, não passou mesmo, em grande parte, de discurso, pois, as barreiras limítrofes abertas para o mercado estiveram fechadas para a sociedade que continua sofrendo com a discriminação pelos países centrais, que resguardam seus interesses comerciais e expõem preconceitos contra nações inteiras, tratadas pelo eufemismo de emergentes. Casos de xenofobia aparecem com freqüências nas páginas dos jornais, com aparente crise entre centro e periferia. No que se refere à tecnologia continuamos a importar, principalmente, da comunicação, sem reunir (estrategicamente) as condições devidas de produção localmente. Os meios de comunicação de um modo geral refletem informações obtidas pelas grandes agências noticiosas com direcionamente a repercussões que agendam os assuntos tratados pela opinião pública a cada dia.
Paradoxalmente, entretanto, as novas tecnologias oferecem condições para um mundo mais informado e com desenvolvimento econômico que atenda a exigência do homem moderno, que no seu cotidiano, convive com mais qualidade de vida, principalmente devido aos avanços da ciência no campo da medicina; maior difusão de conhecimento e aumento da produção de alimentos, apesar de insuficientes, em conseqüência do aumento do número de pessoas que passam a se alimentar, na periferia, embora ainda milhares permanecem excluídos.
Finalmente, o capitalismo – essencialmente globalizante - não vive os melhores de seus dias, passa por enfermidade que vai levar tempo para se curar, o que trará reflexos para todos. A dúvida é o que virá depois. Os Estados, fundamentalmente, ganham destaque nessa ordem sistêmica global, apesar da construção de senso comum sobre um mundo sem fronteiras.