A discussão sobre formação de bloco envolvendo os países do sul nem é nova, a resistência das instituições não representa, por sua vez, nenhuma novidade. A União das Nações Sul-Americana (Unasul), apesar das diferenças culturais, políticas e econômicas entre os países, trata-se de uma estratégia importante para os países subdesenvolvidos desta região, no sentido de reunir condições de enfrentar os países ditos centrais que guerreiam pela hegemonia perene do domínio global. O mais complexo é entender a razão de instituições brasileiras se posicionarem contra uma decisão, que ao final será benéfica para a população destas nações, afinal, por séculos sofrem com a espoliação dos grandes impérios, guardiães desta ordem mundial, por isso, grandes impérios centralizadores de poder e domínio.
O processo de globalização, de fato, nem é novo como se pensa. O capitalismo na sua essência é globalizante, ou seja, visa estar nas localidades mais distantes. Entretanto, se pode conjecturar que a mundialização das economias tenham se iniciado no século XV com os impérios portugueses e espanhóis. De lá para cá vivemos sobre o domínio inglês e hoje estadunidense, todos responsáveis pelo desenvolvimento e crescimento de regiões do planeta, entretanto, por onde passaram deixaram suas marcas de destruição, ceifaram culturas, e tornaram nações dependentes a custos altos de seus fartos recursos financeiros. O Brasil é exemplo disso desde Portugal, passando pelos ingleses e finalmente os estadunidenses. Páginas e páginas de livros para explicar a razão de nossa dependência, como se desvencilhar deste legado de servilismo, o que torna os brasileiros e demais países do sul e de outras regiões do globo absolutamente pobres em meio às riquezas naturais. No caso do Brasil, potência sempre pensada, projetada para o futuro, com muitos bordões publicizados pela mídia.
Se por um lado a classe privilegiada destes países periféricos não foi ousada o suficiente para enfrentar a dependência, a população dos países ditos emergentes, ao que parece, buscou novos rumos na política, e o processo de formação do capitalismo tardio deu a sua contribuição escorada no princípio globalizador, por essência. Com o fim inevitável dos recursos naturais, explorados a exaustão, convertidos para a manutenção do consumo, criou-se uma sociedade de amplas tecnologias, mas sem a preservação do meio ambiente e matéria-prima. No final, os espoliados passam a ter condições de negociação. Parece esta ser a condição dos países da região da Unasul, tendo o Brasil com potencial para se tornar um grande produtor de petróleo com enormes jazidas e produção de biocombustíveis da cana-de-açúcar. Fato que ainda se repete na Venezuela e Bolívia produtores de combustíveis, numa região com solo fértil para produção de alimentos em grande escala.
Assim, parece ser natural o interesse destes países de se organizarem em bloco no sentido de obter condições favoráveis nas negociações com os grandes impérios, entretanto, tais medidas resvalam em grupos que ao longo da história de pobreza nacional obtiveram ganhos econômicos aviltantes com intermediação entre capitalismo periférico e central. Ou seja, o fortalecimento das nações periferias pode representar a perda de grandes empresas de capital internacional, com dependência dos abundantes recursos dos países do sul.
A linha editorial de alguns veículos de comunicação, por sua vez, serve como objeto de estudo para entender este movimento econômico global. Pois, na verdade, não reverbera simplesmente os seus interesses enquanto empresas particulares de comunicação de massa, mas de fato deixa transparecer o discurso de grupo contra movimentos que emergem e sinalizam para a redução da concentração de renda. Na década de 90 se iniciou debates sobre tal tema, mas ao final e ao cabo, somente debates vazios, interferências de países centrais e textos mediatizados publicados no sentido de evitar tais movimentos, uma desmobilização simbólica. Ao que parece novamente isto se dá, embora a realidade seja realmente outra, a começar com um mundo de mais comunicação e estratégias conhecidas por mais pessoas no planeta, na chamada sociedade global. Contudo, a informação mediatizada continua a sua trajetória natural, na defesa intransigente da economia, de menos bem-estar-social e mais dependência. Logo, a manutenção do status quo secular.
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